1. Lugares comuns ou clichês, adjetivos cristalizados, desgastados pelo uso:
Não há nada mais desgastante para um texto do que o costume de repetir infinitamente os chamados clichês ou o que chamamos de "senso comum". Fuja disso, forme opiniões próprias com expressões também suas, que carreguem os seus pontos-de-vista de maneira absolutamente particular quando articulados. Veja "ótimos" maus exemplos:
"E uma tristeza muito grande ver até aonde o Brasil chegou."
"Devemos lutar, com o coração cheio de esperanças, por uma pátria livre e por um povo feliz"
"Os governos devem fazer enormes esforços para que o povo desta Pátria possa ser considerado pessoas valorizadas."
"A crise de energia é apenas uma parte da questão."
2. Linguagem coloquial e abstrações grosseiras:
Você já ouviu falar que a teoria na prática é outra, não ouviu? Pois, então, acrescente a isso uma outra circunstância também já citada: falar é uma coisa e escrever é outra, completamente diferente. Você já leu, neste livro, que, às vezes, carregamos os vícios da fala para o texto que estamos escrevendo. Observe os erros mais frequentes:
a) Se o apagão vai vir para ficar... (Se o apagão virá...)
b) O presidente pegou e pensou que o povo brasileiro era burro. (O presidente pensou (imaginou) que o povo brasileiro fosse...)
c) A nível de competência, João é muito mais que José. (João é mais competente que José. A expressão a nível de jamais deve ser usada como ordem indicadora ou comparativa)
d) Com a derrota da inflação, o povo ficou hiper feliz. ((...) ficou demasiadamente feliz)
e) E as deploráveis expressões coloquiais: isto quer dizer que... isto significa que... que podem ser vastamente usadas na fala (os professores usam muito, observe), mas são condenadas na escrita.
3. Verdades evidentes (os conhecidos truísmos):
Os chamados truísmos são denunciadores, em primeiro lugar, da fragilidade de nossas ideias, que se deixam assentar sobre o óbvio; em segundo, denunciam o uso do senso comum, das obviedades constantes que ouvimos. Veja os exemplos:
O primeiro turno das eleições brasileiras acontece sempre em outubro...
Os homens, que são animais racionais...
4. Excesso de adjetivação para caracterizar circunstâncias, fatos e acontecimentos:
O magnífico, inesperado e formidável desempenho da CPI da Corrupção...
5. Queísmo (encadeamento de quês sequenciados):
O certo é que, sabedores de que foram escolhidos pelo povo que neles votou de maneira inocente, os políticos que desonram tais votos que... Observação: não existe apenas o queísmo; nas redações somos atacados por "maisismo", "ezismo", "poisismo"...
6. Uso de provérbios ou ditos populares:
Cuide bem disso e não corra riscos. Quando estamos sob forte pressão para escrever nossa dissertação no vestibular, acabamos por lançar mão de tais estranhezas. Fuja de todos eles: empobrecem o texto.
7. Uso de gírias:
"O problema da violência é algo de que não podemos fugir. Por décadas sucessivas, assistimos ao abandono de um número incontável de neguinhos; muitos caras geram os filhos e não querem assumir. Esses caras são, na maioria, gente da pesada que não deixa de curtir seu baratoso, não dando a mínima para os filhos."
8. Análise dos temas propostos utilizando emoções exageradas:
"Os bandidos são assassinos impiedosos que nunca compreenderão o que é ser humano. Roubam, matam e furtam, não levando em consideração a vida dos inocentes. Suas almas malditas hão de arder no fundo dos infernos e Deus não terá misericórdia deles. Morte aos bandidos!"
9. Mau título:
Outra tendência do vestibulando é colocar um título banal na dissertação. Não se esqueça de que ele, o título, é como se fosse o nosso cartão de apresentação para o corretor. Evite usar títulos longos ou, pelo contrário, títulos formados apenas por artigo + substantivo (ou artigo + adjetivo + substantivo (A reforma agrária / A beleza do país). E fatal.
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