Foi no dia 20 de julho de 1969 que o mundo assistiu ao pouso do
Apollo 11 no solo lunar. Duas horas após a chegada, Neil Armstrong saiu
da nave e entrou para a história como o primeiro homem a pisar na Lua.
Até hoje, há quem duvide desse feito dos americanos, mas a verdade é que
a Lua sempre despertou curiosidades.
Como é formada a superfície do único satélite natural da Terra? A Lua
influencia no corte de cabelo? Os lobos só uivam para a Lua cheia? O
que aconteceria se o nosso satélite desaparecesse? Confira as respostas
de especialistas para estas e outras curiosidades.
A Lua influencia no corte de cabelo?
Segundo o professor Enos Picazzio, do departamento de Astronomia do
Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da
Universidade de São Paulo (IGA-USP), não há nenhuma prova científica de
que a Lua influencie no corte de cabelo. “Se influenciasse
positivamente, evitando queda ou fazendo crescer cabelo, não haveria
astrônomos calvos”, brinca o professor.
O dermatologista Paulo Zubaran, especializado em medicina estética e
tricologia, explica que esse mito surgiu no passado. “As pessoas
formularam o seguinte pensamento: se o corpo humano é constituído por
70% de água, por que não poderia sofrer também a mesma influência que a
Lua exerce sobre as marés?”. A associação é errada, pois a influência
deste astro sobre as marés é devida à força gravitacional, que, por ser
ínfima, só se percebe quando uma massa muito grande – como os oceanos –
está envolvida. Conclusão: independentemente do dia em que você corte,
seu cabelo seguirá crescendo cerca de 1 cm por mês.
Como a Lua influencia nas marés?
Com a sua força gravitacional, a Lua “puxa” os oceanos em sua
direção. Essa força tem a ver com a massa dos corpos e a distância entre
eles. Quanto maior e mais perto, maior a força. O Sol também afeta as
marés, mas menos, já que está mais longe da Terra do que a Lua. As marés
mais altas ocorrem quando Sol e Lua estão do mesmo lado da Terra,
somando as suas forças.
Do que é feita a superfície da Lua?
A superfície lunar é basicamente constituída de rocha e recoberta por
poeira fina. Os continentes são as regiões claras e brilhantes, que
podem ser vistas a olho nu da Terra. Segundo o professor Enos Picazzio,
da USP, eles são compostos essencialmente de rochas ricas em silicatos e
são bastante acidentados, com depressões, enrugamentos e crateras de
impacto.
Já os mares, que não possuem água, são regiões mais escuras e planas,
ricas em basalto (rocha resultante de vulcanismo ocorrido no passado,
já que, atualmente não há vulcanismo na Lua).
Os lobos só uivam para a Lua cheia?
Não, os lobos não uivam para a Lua. Aparentemente, o motivo para
fazermos essa associação, destaca Carlos Camargo Alberts, professor de
Zoologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), é porque eles ficam
mais ativos durante a Lua cheia. “Essa maior atividade, no entanto, não
tem a ver com a caçada, já que na luminosidade mais intensa da Lua
cheia, as presas do lobo podem percebê-los mais cedo”, explica.
Portanto, a Lua cheia acaba sendo um período de fome para os lobos e a
maioria dos outros predadores noturnos.
Entre outras motivações, os lobos uivam para renovar os laços sociais
dentro da alcateia. “Quando um lobo começa a uivar, outros membros do
grupo se aproximam”, observa Alberts. Outra função do uivo é usá-lo para
reencontrar o bando por meio do som.
Por que, às vezes, a Lua aparece de dia?
Na fase cheia, a Lua nasce quando o Sol se põe, por volta das 18h, ou
seja, já está anoitecendo quando ela surge no horizonte. No início
desta fase, a Lua se põe às 6h. “A cada dia a Lua nasce 48 minutos mais
tarde. Uma semana depois da cheia, quando chega na fase
quarto-minguante, ela nasce mais ou menos à meia-noite. Quando o sol
estiver nascendo, ela ainda vai estar no céu, e a gente vai poder vê-la
até meio-dia”, esclarece a professora.
O que é um eclipse lunar?
É um fenômeno que ocorre quando a Terra fica entre o Sol e a Lua, e
esta última é encoberta total ou parcialmente pela sombra do nosso
planeta. Isso ocorre apenas na fase de Lua cheia e quando Lua, Terra e
Sol estão quase alinhados, explica o professor Enos Picazzio, do
Departamento de Astronomia do Instituto de Astronomia, Geofísica e
Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IGA-USP).
O que aconteceria se a Lua desaparecesse?
Dentre as possíveis consequências, o professor Enos Picazzio destaca
duas: mudanças climáticas e no ecossistema marinho. “As estações
sazonais são consequência da inclinação do eixo de rotação da Terra. Se
essa inclinação variar, o ciclo sazonal muda, alterando as zonas
climáticas e provocando longos períodos de glaciação nos hemisférios”,
explica. Como a Lua influencia as marés, seu desaparecimento afetaria a
vida marinha.
“A circulação de correntes marinhas arrasta pequenos organismos
vivos, como o plâncton, fundamentais na base da cadeia alimentar dos
ecossistemas aquáticos”, afirma o professor.
A lua da Terra tem um nome próprio, como as luas de outros planetas?
O nome próprio do satélite da Terra é Lua, por isso deve ser escrito
em maiúsculo. Segundo o professor Enos Picazzio, tornou-se comum usar
“lua” como sinônimo de satélite natural, mas isso deve ser evitado.
“Muitos fazem essa associação, mas é bom evitar. Imagine alguém ouvindo a
frase ‘a lua da Terra é a Lua’. Parece declaração de doido! Para uma
criança, isso é grave porque ela vai se confundir”, comenta o professor
do Departamento de Astronomia do IGA-USP.
Quanto maior a massa do planeta, maior será sua família de satélites.
Enquanto a Terra tem apenas um satélite natural, Mercúrio e Vênus não
têm nenhum. Marte tem dois: Fobos e Deimos. Já Júpiter tem 63, sendo que
o maior é Ganímedes (que é maior que o planeta Mercúrio).
A Lua pode ser vista de outros planetas?
Sim, mas de acordo com o professor Enos Picazzio, do Departamento de
Astronomia do IGA-USP, de Marte em diante, é necessário o uso de
telescópio. De Mercúrio e Vênus é possível vê-la a olho nu.
Por que o homem não voltou mais para a Lua?
Foram seis missões de pouso na Lua, todas do programa americano
Apollo (Apollo 11, 12, 14, 15, 16 e 17), que durou de 1968 a 1972. Desde
então, optou-se por enviar sondas espaciais. “Além de serem mais
baratas e evitarem risco de vida humana, as sondas permitem a observação
global do satélite”, explica o professor Enos Picazzio.
Foi em 20 de julho de 1969 que o mundo assistiu ao pouso do módulo
lunar da Apollo 11, batizado de Eagle, no solo de nosso satélite. Duas
horas após o pouso, Neil Armstrong saiu da nave e entrou para a história
como o primeiro homem a pisar na Lua, seguido por seu companheiro Edwin
Aldrin. Posteriormente, outros 10 astronautas pisaram na Lua.
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