30/06/2012

Anorexia e bulimia



Você vê uma modelo linda e magra desfilando e quer ter aquele corpo. Para isso, deixa de comer ou vomita tudo o que você come. Quando isso acontece, está na hora de procurar ajuda de um médico, pois o problema pode ficar sério. Alguns hábitos alimentares são considerados doentios, pois causam problemas na saúde física, emocional e mental da pessoa. E engana-se quem pensa que os distúrbios alimentares são transtornos modernos. A anorexia, por exemplo, começou a ser identificada na Idade Média, onde várias moças deixavam de comer para entrar em comunhão com Deus e por isso eram santificadas. No livro “Do altar às passarelas – da anorexia santa à anorexia nervosa”, a psicanalista Cybelle Weinberg e o psiquiatra Táki Cordas, autores do livro, relatam que depois da Idade Média, a Igreja começou a ver com maus olhos o caso das santas jejuadoras e o hábito caiu em desuso. Histórias à parte, esses transtornos afetam hoje cerca de 1% da população mundial, sobretudo mulheres adolescentes.

Anorexia: 
A endocrinologista do Centro Clínico da PUCRS, Patrícia Santafé, explica que a anorexia ocorre mais frequentemente em adolescentes e jovens que estão em fase de busca de sua personalidade. “Geralmente, neste período, o adolescente tem dificuldade em definir o corpo. Este distúrbio ocasiona um medo incontrolável de engordar. As meninas deixam de comer mesmo estando magras”, diz. O quadro consiste na perda voluntária de peso. Pessoas com anorexia nervosa sempre possuem o peso abaixo do normal e recusam-se a se alimentar de forma correta, negando os riscos que correm na ausência de uma alimentação saudável. Para avaliar esta perda exagerada de peso, usa-se o cálculo do IMC (índice de massa corpórea, que é igual ao peso dividido pela altura ao quadrado). Por exemplo, uma mulher normal o índice varia de 18 a 25, já no anoréxico o número pode ser abaixo de 17, ou seja, é gravíssimo. “A palavra que define a anorexia é medo. Medo de engordar ou de ficar igual a alguém da família que tenha sobrepeso leve. E até mesmo para se inserir em um grupo de amigos, que não aceitam a 'gordura' ”, lembra. A médica explica que o tratamento para o distúrbio não é fácil, mas pode dar resultado: “não existe um tratamento objetivo. Não há medicações específicas para curar a anorexia e, sim, um tratamento multidisciplinar, que abrange psicólogos, endocrinologistas e nutricionistas”, explica. Em alguns casos, a psicoterapia pode ajudar a melhorar a visão que se tem do seu próprio corpo, “mas é um transtorno que exige paciência, cautela e perseverança, já que na cabeça do anoréxico, é certo não comer”. A anorexia pode causar vários problemas de saúde como:
· Palidez;
· Pele seca e amarelada;
· Desnutrição;
· Tonturas;
· Alterações hormonais;
· Perda do apetite sexual;
· Queda de cabelo;
· Maior chance de ter infecções devido a falta de nutrientes no organismo;
· Alteração na memória;
· Amolecimento dos dentes;
· Infertilidade.

É bom lembrar que a reintrodução dos alimentos na dieta dos anoréxicos deve ser gradativa, principalmente pelo fato do equilíbrio calórico da nova dieta. Aconselha-se, às vezes, que seja feita a internação hospitalar, para que a ingestão das calorias sejam acompanhadas por um nutricionista.

Bulimia: 
Neste caso, não é a magreza excessiva que chama atenção, muitas vezes é exatamente o contrário. “Alguns bulímicos comem grandes quantidades de calorias. Uma pessoa normal, por exemplo, come, em média, 2 mil calorias durante o dia, já um bulímico, pode, aproximadamente, comer até 4 mil calorias em uma única refeição, o que é muito”, explica Patrícia. Quem sofre com este problema, ingere uma quantidade exagerada de comida e, logo em seguida, vomita o que comeu. Devido ao grande volume alimentar, a pessoa não conseguem eliminar 100%, não ocorrendo necessariamente perda ou ganho de peso” diz. E isso pode acontecer por vários fatores como explica a endocrinologista: “Às vezes acontecem alguns fatos na vida desta pessoa e ela acaba descontando na comida aquele problema que deixou ela em desequilíbrio, em depressão e ansiosa”, explica. Se a palavra que define a anorexia é medo de comer, no caso da bulimia, é compulsão alimentar seguida de culpa. Culpa por comer demais e por engordar. “Mas as meninas bulímicas muitas vezes tem um peso normal ou estão com sobrepeso”. O uso indiscriminado de laxantes e diuréticos, o não tratamento de distúrbios depressivos, de ansiedade, vômitos autoinduzidos e, em alguns casos, auto-mutilação são alguns dos sintomas da doença. A especialista afirma que o tratamento para a bulimia é mais fácil do que a anorexia. “Geralmente é feito com terapias e uso de medicamentos como ansiolíticos, antidepressivos e remédios para evitar esta compulsão alimentar”, diz.

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